Muitas vezes
as crianças e adolescentes, vítimas de exploração sexual, são consideradas
culpadas do abuso que sofrem, e, por sua vez, vitimizadas
novamente pela sociedade, ou revitimizadas. Esta é uma
das conclusões do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra
Crianças e Adolescentes, que apresentou hoje (15) um dossiê sobre o andamento
de 18 casos encaminhados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da
Exploração Sexual, que funcionou em 2003 e 2004.
O relatório
aponta como principal causa do fenômeno de "vitimização"
a ótima machista do Estado, que muitas vezes atua apenas como punidor. "O sistema criminal não está estruturado para
proteger a vítima e promover a restauração de sua dignidade. O sistema foi
feito para punir"em nome da
sociedade". Quando a "sociedade" achar que a vítima, por sua cor ou classe,
deveria ser de fato vítima, a cumplicidade é a resposta", diz um trecho do
dossiê.
A
coordenadora do Comitê, Neide Castanha, explica que diversas práticas adotadas
em relação a crianças e adolescentes vitimas de abuso
sexual, como a tomada de depoimento, geram constrangimentos e perda da
dignidade da vítima. "Reiteradas situações não só de reviver uma situação, mas
de ser desqualificada nessa situação, transformada na pessoa provocadora do
crime",afirma.
Para o
consultor do Comitê, Renato Roseno, tão importante
quanto punir os agressores sexuais de crianças e adolescentes é que o Estado se
responsabilize por essas vítimas. "Responsabilizar envolve atender a vítima, a
sua família, o agressor sexual e de fato responsabilizar o delito cometido".
De acordo com o dossiê, dos 18 casos analisados, 14 tiveram processo judicial instaurado. Destes, apenas três foram julgados, sete ainda estão em fase de instrução, dois em grau de recurso e um não informou. "Esse pequeno número de responsabilizações que o Estado, sobretudo o Estado juiz, forneceu ao país, é preocupante. É necessário pensar muito qual é o Judiciário que pode dar resposta às demandas da criança brasileira".
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