A história do homossexualismo no Maranhão foi tema de uma das mesas-redondas do IX Seminário LBGT, que foi promovido pelo grupo Gayvota ontem, no auditório do SESC-Deodoro, no Centro. O evento antecedeu a 9ª Parada do Orgulho LGBT de São Luís, que acontecerá amanhã na Avenida Litorânea.
O seminário teve como temática São Luís + 400 Anos com Dignidade e Justiça, e foi iniciado com a formação da mesa de abertura com representantes do Governo do Estado, Sesc, Defensoria Pública do Maranhão, Secretaria de Estado da Saúde (SES), Fórum das ONGs LGBT do Estado do Maranhão, e Membros do Grupo Gayvota, que organiza a Parada do Orgulho LGBT de São Luís.
Pesquisador - Um dos convidados do evento foi o professor Luis Mott, militante e ativista do movimento LGBT e antropólogo da Universidade Federal da Bahia, que presidiu a mesa redonda com o tema Ethnohistória da Homossexualidade no Maranhão e expôs um dos seus trabalhos de pesquisa, que traça a linha histórica da homossexualidade no estado. Segundo ele, o primeiro registro de homossexual maranhense é datado de 1613, um ano após a fundação da cidade. "O primeiro homossexual do Maranhão foi um índio que viveu na Ilha de São Luís e, segundo registros da época, usava cabelos longos e admitia que gostava de pessoas do mesmo sexo. Eis o primeiro gay maranhense assumido", disse o antropólogo e ativista Luis Mott.
O antropólogo enfatizou que, na época, o índio foi punido severamente pela Igreja Católica, tendo sido colocado em um canhão, e logo em seguida atirado em direção a Baia de São Marcos. "Ano que vem irá completar 400 anos desse fato, não deixaremos passar em branco, ainda estamos vendo qual será a homenagem que faremos a esse índio", completou Luis Mott.
Durante todo o dia de ontem, foram discutidas temas relacionados aos direitos humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais da capital, bem como da participação efetiva dos homossexuais na construção cultural da cidade de São Luís.
Representantes - Uma das instituições que mandaram representantes para o seminário foi a Defensoria Pública do Maranhão, que tem um núcleo de defesa da população LGBT, há mais de um ano. "Temos trabalhado no combate ao preconceito aos homossexuais, sempre garantindo que todos tenham seus direitos enquanto cidadãos resguardados", disse Fabíola Almeida Barros, corregedora-geral da Defensoria Pública do Maranhão. A corregedora enfatizou que é comum a Defensoria receber processos com ações de reconhecimento de união estável, mudança de nome, e ações de indenização decorrente de constrangimentos e abusos.
Diversos grupos ligados à causa LGBT compareceram ao seminário, como o Fórum das ONGs LGBT do Estado do Maranhão, que foi representado pela presidente Babalu Rosa, de 48 anos, transexual que luta há 15 anos na causa. "Esse seminário é muito importante para que todos saibam que os gays também devem ter acesso aos direitos humanos e para que se possa ter políticas públicas eficienntes no sentido de combater a homofobia", declarou, Babalu Rosa.
Outra mesa de discussão foi presidida pelo jornalista e ativista Carlos Magno Silva, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais- ABGLT e coordenador do Grupo Cellos, de Minas Gerais, que ministrou a palestra Histórico do Movimento LGBT Brasileiro: Conquistas e Perspectivas. "O papel do movimento LGBT é politizar a homossexualidade, questionando muitas imposições da sociedade, fazendo sempre reflexão e por último com que toda a sociedade saiba da nossa insatisfação", disse o ativista Carlos Magno Silva.
Mais - Segundo dados do Disque 100, no ano passado foram registradas 1.259 denúncias de violência contra gays em todo o Brasil. Uma média de 3,4 denúncias por dia. No dia 5 de maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu por unanimidade a união homoafetiva. Os casais homossexuais têm os mesmos direitos e deveres que a legislação brasileira já estabelecia para os casais heterossexuais. O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo é permitido e as uniões homoafetivas passaram a ser tratadas como um novo tipo de família.
Fonte: O Estado do Maranhão
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