O plenário da Assembléia Legislativa
rejeitou, nesta terça-feira (10), pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
para processar o governador Jackson Lago (PDT), por conta da denúncia feita pelo
Ministério Público Federal contra os envolvidos na Operação Navalha. O pedido
foi recusado por 27 votos dos 40 deputados estaduais presentes. Apenas 13
votaram a favor, enquanto a oposição precisava de 28 signatários, e dois não
compareceram à polêmica sessão que durou quase cinco horas e que homologou o
parecer aprovado na segunda-feira pela Comissão de Constituição e Justiça,
noutro embate travado entre a bancada governista e a oposição.
A partir das 9h30, já no pequeno expediente, espaço da sessão em que os
deputados têm uma hora para discutir qualquer assunto, a oposição e os
governistas começaram a travar o debate que iria se prolongar até a promulgação
do resultado da votação propriamente dita, por volta das 14h30.
Embora o embate tenha sido polêmico e longo, desde o início o plenário
sinalizava que a maioria estava ao lado do governador, mas a oposição utilizou
todos os espaços previstos regimentalmente para prolongar a sessão, que foi
comandada pelo presidente João Evangelista (PSDB), tendo como integrantes da
Mesa Diretora César Pires (DEM), Nonato Aragão (PSL) e em outros momentos
Antônio Bacelar (PDT).
Quem abriu o debate foi um deputado da oposição, Carlos Filho (PV), que
fez duras críticas ao governador, o que motivou de início que quase toda a
bancada governista fosse ocupar o pequeno expediente para defender Jackson, a
exemplo de Valdinar Barros (PT), Pavão Filho (PDT), Pedro Veloso (PDT), Antônio
Bacelar (PDT) e o próprio líder do Bloco Parlamentar Progressista (BPP), Marcelo
Tavares (PSB).
Os governistas criticaram o colega de plenário por o oposicionista haver
proferido um discurso que teria atingido a pessoa do governador. Tavares acusou
também os oposicionistas de quererem mediante "uma suspeita frágil tirar o
mandato legítimo dado ao governador pela população".
Os parlamentares alternaram discursos com argumentação jurídica e
política, tanto para defender a autorização pedida pelo STJ para processar o
governador, por acusação de improbidade administrativa, como para negar, porque,
segundo os governistas, as supostas "provas seriam frágeis".
Cada bloco lia da tribuna trechos do processo que fundamentava suas
posições distintas. Penaldon Jorge (PSC) e Rubens Pereira Júnior (PRTB), da base
governista, foram os que se utilizaram de maior argumentação jurídica para negar
o pedido, porque a denúncia seria também "inepta".
Rubens Pereira Júnior chegou a citar que existiria no próprio Senado o
precedente de recusar autorização para que o então presidente da República, José
Sarney, fosse processado por irregularidades apontadas pela CPI da Corrupção.
Já o líder do governo, Edivaldo Holanda (PTC), também fez um longo
discurso para refutar o pedido. De acordo com Holanda, "essa denúncia genérica
jamais levaria medo ao governador" por ele ser "um homem de mãos limpas e
trabalhador".
OPOSIÇÃO
Na bancada de oposição, os integrantes se alternaram na tribuna para
defender o pedido do STJ, a exemplo de Max Barros, Ricardo Murad, líder do Bloco
Parlamentar de Oposição (BPO), Chico Gomes, Vitor Mendes (PV) e a deputada do
PT, Helena Heluy, que negou que o partido tenha fechado questão, como havia
afirmado o colega de bancada, para votar contra a denúncia.
De acordo com Max Barros, uma eventual negativa da Assembléia
"fragilizaria" o próprio Legislativo e que fosse concedido ao governador o
espaço do STJ para se defender das denúncias.
O discurso de Ricardo Murad foi na mesma linha, acusando a defesa de
Jackson de "genérica" e desde o início das intervenções pregou que os deputados
teriam "um dia histórico".
Por volta das 13h30, o deputado João Evangelista colocou em apreciação o
pedido do STJ, cada parlamentar teve que votar nominalmente e o resultado final
mostrou a vitória dos governistas.
Ao final, o primeiro-secretário da Mesa Diretora, César Pires, informou
da aprovação do Projeto de Decreto Legislativo nº. 003/2008 que tratava do
assunto, que agora vai à promulgação e a ministra relatora do Superior Tribunal
de Justiça, Eliana Calmon, será comunicada oficialmente da decisão da
Assembléia, negando autorização para abertura de processo contra o governador.
Como votaram os parlamentares
A favor do pedido do STJ -. Carlos Alberto Milhomem, Carlos Filho,
César Pires, Fátima Vieira, Francisco Gomes, Helena Heluy, Hélio Soares, Jura
Filho, Maura Jorge, Max Barros, Raimundo Cutrim, Ricardo Murad e Victor Mendes.
Votaram contra a autorização Afonso Manoel, Alberto Franco, Antônio
Bacelar, Arnaldo Melo, Camilo Figueiredo, Cleide Coutinho, Edivaldo Holanda,
Eliziane Gama, Graciete Lisboa, Graça Paz, João Evangelista, José Lima, Marcelo
Tavares, Marcos Caldas, Mauro Jorge, Nonato Aragão, Pavão Filho, Paulo Neto,
Pedro Veloso, Penaldon Jorge, Rigo Teles, Rubens Júnior, Soliney Silva, Stênio
Rezende, Valdinar Barros, João Batista e Fufuca Dantas.
Ausentes - Antônio Pereira (DEM) e Joaquim Haickel (PMDB), que comunicou
estar em viagem para o exterior
Há 104 dias
Há 104 dias
Há 104 dias
Há 104 dias
Qual o seu nível de satisfação com essa página?