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Mulheres que cumprem pena no sistema prisional maranhense iniciaram, na última sexta-feira (4), um novo capítulo de suas vidas com o lançamento do livro “Tudo que eu não disse”, que reúne vivências delas. A obra é fruto do projeto “Escrita que Liberta: reescrevendo o futuro”, desenvolvido pelo Núcleo de Execução Penal da Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), em parceria com o Centro Universitário UNDB e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).
O lançamento foi realizado no Convento das Mercês, em São Luís. O momento foi marcado por muita emoção com os relatos das autoras presentes, bem como com o recital de poemas declamados pelas escritoras e uma sessão de autógrafos.
O livro – A publicação foi desenvolvida na Unidade Prisional de Ressocialização Feminina – UFPEM, na capital maranhense. Sob a supervisão do Núcleo de Execução Penal da DPE/MA, cerca de 20 alunos extensionistas do curso de Direito da UNDB aplicaram uma metodologia inovadora de oficinas literárias junto às mulheres que cumprem pena.
Nessas oficinais literárias mensais, de escrita criativa, foram discutidos diversos temas: saúde mental, sexualidade, famílias, música, entre outros, todos escolhidos pelas próprias apenadas.
Essas atividades, classificadas como práticas sociais educativas não-escolares, resultaram nas “escrevivências” da vida dentro e fora do cárcere que compõem o livro “Tudo que eu não disse”. São textos que contam sentimentos, saudades de familiares, sonhos e angústias.
Emoção - Érika Layane Santos foi uma das autoras presentes no lançamento. Na ocasião, ela compartilhou um pouco da experiência. “Foi maravilhoso, ajudou a libertar a alma. Eu gostei bastante de escrever. Foi uma oportunidade de expressar os sentimentos que estavam guardados porque nem tudo a gente compartilha com as pessoas dentro do cárcere. Também pude construir amizades durante a escrita do livro, de pessoas que acreditaram no meu potencial”, disse.
Para a defensora pública Julyana Patrício, coordenadora do projeto, a produção do livro possibilitou diversos benefícios às assistidas. “No início, nós tínhamos um desafio de formar mulheres privadas de liberdade em escritoras por meio de oficinas literárias. E chegamos a esse livro que trata sobre as histórias e trajetórias dessas mulheres. Além disso, conseguimos a qualificação intelectual, melhorando a saúde mental e física dessas mulheres, bem como a socialização entre elas e também a remição de pena”, pontuou.
Segundo o defensor-geral do Estado, Gabriel Furtado, a Defensoria maranhense reforçará o compromisso institucional de apoiar iniciativas que fomentem a ressocialização. “O que essas mulheres fizeram nos inspiraram a dar mais um passo: o uso da literatura como instrumento de formação. Queremos, a partir do segundo semestre, organizar o lançamento de mais livros de escritores populares maranhenses para inserí-los no sistema de justiça e adentrarmos as comunidades”, anunciou.
Para a 1ª subdefensora-geral do Estado, Cristiane Marques, o projeto evidencia a importância das iniciativas da Defensoria estadual. “O ‘Escrita que Liberta’ vai além da ressocialização. É uma descoberta de talentos e valorização da cultura e mostra a força da parceria entre a Defensoria, a academia e a Secretaria de Administração Penitenciária. Assim como esse projeto, temos outros que têm muito a contribuir para o desenvolvimento do Maranhão”, salientou.
Referência - A secretária nacional de Acesso à Justiça no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sheila de Carvalho, prestigiou o lançamento, oportunidade em que ressaltou a importância dos projetos voltados à ressocialização. “A Defensoria Pública do Maranhão é a maior referência nacional na construção de políticas de acesso à justiça, acesso a direitos, reconhecimento de uma cidadania para todos e todas. Fazer com que projetos como esse transformem vidas não é fácil e vejo, na DPE/MA, o exemplo do que a gente pode levar de melhor para o nosso Brasil”, destacou a secretária nacional.
Também presente no evento, a secretária de Estado adjunta de Atendimento e Humanização Penitenciária da Seap, Kelly Carvalho, ressaltou a importância do “Escrita que Liberta”. “É um enorme prazer conseguir realizar um trabalho dessa relevância, que é um incentivo à escrita, à leitura e à criatividade e, principalmente, um incentivo a acreditar que, depois do cárcere, é possível seguir um novo caminho”, declarou.
Para o professor Jorge Serejo, da UNDB, o lançamento do livro representou a afirmação de uma segunda oportunidade para as autoras. “Essa é uma concretização de um sonho. Essas mulheres que se apresentam, agora, como escritoras, na afirmação da sua dignidade, vivência e história. Esse momento, do lançamento do livro, é de coroação desse trabalho de fortalecimento da vida”, afirmou.
Baixe o livro clicando aqui.
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