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Cerca de 30 famílias que moram na Vila Progresso e na Vila Cabral Mariana, vizinhas do Centro de Detenção Provisória (CDP), o chamado Cadeião, em Pedrinhas, estão preocupadas com o crescimento da violência no local devido a fugas e tiroteios, como os que ocorreram no fim do mês passado. Os problemas tiram a paz dos moradores, que cobram do Governo do Estado uma proposta de remanejamento, que está sendo intermediada pela Defensoria Pública do Maranhão.
Mesmo sabendo da construção do Cadeião, os moradores acreditavam que a tranqüilidade do local se manteria, apesar da proximidade com o Complexo Penitenciário de Pedrinhas. “A direção da Secretaria de Segurança várias vezes nos disse que teríamos mais segurança porque o Cadeião seria à prova de fugas. Eles nos garantiram que não teríamos nenhum problema porque ele seria de segurança máxima e, além disso, teríamos benefícios como aulas de informática, área de lazer, etc”, lembrou Raimundo Nonato Costa, morador da rua Grande, na Vila Progresso.
Decepcionados, a população agora exige uma atitude mais enérgica do Estado, por terem passado por situações de risco, apesar das promessas da Secretaria de Segurança de que não ocorreriam. “No tiroteio que houve em fevereiro, eu estava deitada com meus cinco filhos quando ouvi o barulho das balas. Imagina o meu desespero com meus meninos! Falei para eles se esconderem debaixo da cama. A única coisa que pensamos foi em ir para o chão e rezar para tudo passar.
Foi um desespero”, relembrou a moradora da Vila Cabral Vilma Maria da Cruz de Sousa. Como a casa dela está em construção, logo depois do tiroteio, ela, os filhos e o marido, José Antônio Rodrigues, se mudaram para uma outra casa na mesma rua, alugada, para poderem ter mais segurança. “Foi o melhor que fizemos porque na fuga dos detentos durante o Carnaval, alguns deles passaram pelo quintal da nossa residência. A cerca foi derrubada e até hoje não consertaram”, contou Vilma Sousa, que continuará a construir a casa, mas espera que em breve a família possa sair do local. “Aqui tínhamos tranqüilidade. Ninguém roubava ninguém, podíamos inclusive dormir de porta aberta. Agora isso acabou de vez”, lamentou ela. Para a comerciante Maria do Carmo Conceição Silva, o maior problema são as trocas de bala.
“Se os bandidos resolvem fugir e atiram, os policiais têm que se defender e acabam atirando também. O problema é que, quando esses tiros saem da guarita, vão longe, podendo atingir as nossas casas, que ficam em outras ruas. A minha é exatamente na direção da guarita”, disse, preocupada, a comerciante, que trabalha em um imóvel próximo ao muro do CDP. A também comerciante Maria das Graças Moura Albuquerque, da Vila Cabral, guarda péssimas lembranças e um pedaço de uma bala que caiu em sua cama durante o tiroteio do mês passado. MARCAS “Eu achei esse pedaço de bala na colcha da minha cama. Graças a Deus, foi só isso, mas temos medo de algo maior acontecer e alguém sair ferido.
Em todas as casas aqui podemos ver as marcas das balas. Qualquer morador pode mostrar uma de suas telhas furadas, como a minha. Estamos completamente vulneráveis”, afirmou ela, que preparou um documento e entregou a uma assistente social do Cadeião no qual pede ao Estado o remanejamento das famílias das duas vilas, mas desde que o local escolhido tenha estrutura, como escola, posto de saúde e feira. Fazendo a interlocução desse processo, o defensor público Alberto Guilherme Tavares se reuniu, no último dia 25, com os moradores e iniciou a negociação desse remanejamento.
De acordo com ele, estiveram presentes, além das famílias, representantes da Secretaria de Segurança, que se comprometeram a fazer um cadastro dos moradores para, a partir dele, elaborar um projeto. “É bem provável que esse cadastramento seja concluído ainda durante esta semana, para que na próxima seja encaminhado à Secretaria das Cidades, órgão que estudará a situação para ver como esse remanejamento se dará”, ressaltou Tavares. Ele explicou ainda que possivelmente as famílias serão inclusas em um projeto habitacional já existente ou deverá ser criado um conjunto para eles. “O que temos que levar em consideração e cobrar do Estado é que eles necessitam de uma área que seja equivalente nas oportunidades, pois ali muitos deles não apenas residem, mas trabalham”, frisou o defensor público, que cobrará uma solução imediata do Estado para o problema, tentando resgatar o sentimento de segurança que essas pessoas um dia já tiveram.
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