A Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa rejeitou no início da tarde de hoje
(segunda-feira, 9) o pedido de autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
para dar prosseguimento a ação penal contra o governador Jackson Lago (PDT),
acusado pelo Ministério Público Federal de formação de quadrilha, peculato e
corrupção passiva, de acordo com as investigações da Polícia Federal durante a
Operação Navalha, deflagrada em maio de 2007. Por quatro votos a um, a CCJ
aprovou o relatório do deputado Arnaldo Melo (PSDB), contrário à autorização.
De acordo com o presidente da CCJ, deputado Edivaldo Holanda (PTC), o
relatório será publicado no Diário Oficial da Assembléia desta terça-feira,
quando entrará na Ordem do Dia e será votado pelo plenário. Será preciso 28
votos para que o relatório não seja aprovado, e seja concedida a autorização ao
STJ para processar o governador Jackson Lago.
Além do presidente e do relator, participaram da reunião da CCJ, os
deputados Rubens Pereira Júnior (PRTB), Victor Mendes (PV) e Penaldon Jorge (PSC),
que substituiu o titular Carlos Alberto Milhomem (DEM), que não compareceu.
O único voto contrário ao relatório foi o de Victor Mendes, que
apresentou o seu voto em separado alegando que na denúncia contra o governador
existem fartas provas, que não deixam a menor dúvida do envolvimento de Jackson
Lago nas acusações promovidas pelo Ministério Público Federal. Ainda em seu
voto, Mendes aproveitou para citar o ex-presidente do STJ, Edson Vidigal, que em
entrevista publicada em 2002 disse que aquela corte nunca conseguiu levar à
frente qualquer processo contra um governador, e que o STF ficou refém das
Assembléias Legislativas. "Precisamos mudar essa situação, para que as
assembléias não sirvam de blindagem a casos como esse a que está envolvido o
governador Jackson Lago", ressaltou Mendes.
Por sua vez, o deputado Arnaldo Melo em seu relatório procurou demonstrar
que as denúncias contra o governador Jackson Lago são infundadas e que foram
"açodadamente" imputadas pelas subprocuradoras-gerais da República que assinam a
acusação apresentada ao STJ.
"Não precisa sequer ser expert na ciência do Direito para se verificar
que a acusação no que diz respeito ao governador do Estado funda-se,
tão-somente, em conteúdo de interceptação telefônica de duvidosa
constitucionalidade não sendo nenhuma delas obtidas em diálogo travado pelo ou
com o governador, das quais se retira apenas ilações e criações mentais de quem
acusa", ressaltou Arnaldo Melo, durante a leitura de seu relatório.
O relator listou e desqualificou uma por uma todas as acusações feitas
pelo Ministério Público ao governador do Maranhão. Sobre a acusação de formação
de quadrilha, Melo diz que a denuncia trai a verdade dos fatos, pois em tal
caso, não há uma associação estável e permanente que visasse as práticas dos
crimes aos quais Jackson Lago é acusado.
"Nas conversas telefônicas gravadas com autorização judicial, Geraldo
Magela, um dos principais integrantes da suposta quadrilha, afirmou que sequer
conhecia o novo governador, não tendo qualquer contato com o mesmo. Não há um
registro sequer, seja através de fotos, vídeos, documentos, escutas telefônicas,
etc, de que Zuleido Veras e o governador Jackson Lago tenham sido sequer
apresentados", diz o relatório.
Sobre a denúncia de que o governador teria recebido propina de R$ 240
mil, por intermédio dos seus sobrinhos Alexandre Lago e Paulo Lago, os quais se
reuniram com uma funcionária da Gautama, no Hotel Alvorada em Brasília, no dia
21 de março de 2007, e que Jackson Lago estaria clandestinamente hospedado no
mesmo dia no hotel Kubitschek Plaza, justamente para ocultar sua participação no
ato de recebimento da propina, Arnaldo Melo disse que esse argumento é
"notoriamente mentiroso", e que o governador realmente esteve em Brasília
cumprindo uma extensa agenda oficial com os presidentes da República e da Câmara
dos Deputados, ambas amplamente divulgadas pela imprensa.
"Se de fato o governador estivesse clandestinamente na capital federal
naquela data para comandar o recebimento de propina por intermédio de seus
sobrinhos porque as mesmas câmeras de segurança que lhe flagraram no Hotel não
flagraram a chegada de seus sobrinhos com o produto do crime para entregá-lo ao
suposto chefe maior?" questionou o deputado.
Além de procurar desqualificar a denúncia, o relator ainda considerou em
seu voto a governabilidade, a estabilidade e a decisão soberana da população
maranhense em eleger Jackson Lago em 2006 para ficar no cargo até o fim de seu
mandato, como também fatores preponderantes para negar o pedido de autorização
do STJ.
Há 57 dias
Há 57 dias
Há 57 dias
Há 57 dias
Qual o seu nível de satisfação com essa página?