Representantes do Poder Judiciário, do Executivo, do
Legislativo, do Ministério Público, advogados e membros de entidades da
sociedade civil organizada discutiram na tarde desta quinta-feira (8) a
necessidade de autonomia administrativa e financeira para a Defensoria Pública
do Maranhão, durante Audiência Pública promovida pela Assembléia Legislativa do
Maranhão. A iniciativa partiu do deputado Victor Mendes (PV), que presidiu o
evento. Também presente a deputada Helena Heluy (PT)
A audiência teve como expositores a Defensora Pública-geral do Estado,
Ana Flávia Melo Vidigal, o presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão
(Amma), juiz Gervásio Protásio dos Santos Júnior, o presidente da Associação do
Ministério Público (Ampem), promotor Luiz Gonzaga Martins, o representante da
OAB-MA, Guilherme Zagalo, o presidente da Associação dos Defensores Públicos,
Fábio Magalhães Pinto, e o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Diretos
Humanos, Luís Antonio Pedrosa.
Ao abrir o evento, o deputado Victor Mendes destacou a importância da
realização de uma Audiência Pública sobre um assunto tão relevante para a
sociedade maranhense, que é a qualidade e o acesso à prestação jurisdicional.
Lembrou que desde o primeiro instante do seu mandato teve como preocupação
preponderante lutar para que a população carente do Maranhão pudesse ter,
efetivamente acesso, à Justiça por meio de uma Defensoria Pública atuante e
independente.
Antes de iniciar a sua explanação, a Defensora Ana Flávia Vidigal leu um
manifesto de apoio do Legislativo Estadual à autonomia administrativa e
financeira da Defensoria Pública, de iniciativa do deputado Alberto Franco
(PSDB), que será encaminhado ao governador Jackson Lago. Até ontem o documento
já contava com a assinatura de 32 deputados.
Ana Flávia elogiou a iniciativa do deputado Alberto Franco e de outros
parlamentares, como Victor Mendes, Helena Heluy (PT), Francisco Gomes e Rubens
Júnior (PRTB), que desde o primeiro instante abraçaram a causa da Defensoria
Pública. "Acreditamos que com o esforço conjunto dos três Poderes Judiciário,
Legislativo e Executivo poderemos alcançar a autonomia financeira e
administrativa que tanto almejamos", destacou.
Durante sua explanação, a defensora pública mostrou números nada
animadores. Segundo ela, o Maranhão está entre os 16% dos estados brasileiros
cujas Defensorias Públicas ainda não alcançaram sua autonomia. O Estado exibe,
também, os mais baixos números de defensores por habitantes. São 162.871
habitantes para cada um defensor (dado de 2003) e, hoje, depois do último
concurso, são 119.802 habitantes para cada defensor público. São registradas
167.8 tentativas por mês para obter um atendimento.
Segundo Ana Flávia, quando se trata de baixo número de defensores, o
Maranhão só é superado pelo Rio Grande do Norte e pela União. No quesito
orçamento, o quadro da Defensoria Pública do Maranhão é também crítico, sendo 59
vezes menor do que o orçamento do Judiciário e 27 vezes menor do que o
Ministério Público, só perdendo para o Acre.
O presidente da Associação dos Defensores Públicos do Maranhão, Fábio
Magalhães Pinto, lamentou a falta de interesse dos poderes constituídos para com
a Defensoria Pública. Ele disse ver com muita tristeza colegas seus trocarem a
Defensoria do Maranhão pelo vizinho Estado do Piauí, porque lá a categoria tem
mais estrutura de trabalho e melhor remuneração.
Fábio Magalhães disse ainda que o quadro da Defensoria Pública do
Maranhão é tão caótico que os defensores são obrigados a conviver com filas na
porta da sede do órgão, observando pessoas humildes passando a madrugada para
conseguir receber um atendimento porque não há defensores para tanta demanda.
"Com isso, prolifera o comércio ilegal de senhas, onde pessoas carentes se vêem
obrigadas a pagar a terceiros para marcar lugar na fila", ressaltou.
Para o presidente da Associação dos Magistrados, Gervásio dos Santos, o
trabalho da Defensoria Pública tem relação direta com a imagem desgastada do
Poder Judiciário perante a sociedade, pois os juízes só conseguirão atender às
demandas exigidas pela sociedade se houver a atuação de pelo menos um defensor
público em cada Comarca.
Ele relatou casos de Comarcas em que os processos ficam paralisados por
falta de defensor público e o maior penalizado é o jurisdicionado com baixo
poder aquisitivo. Ele citou a situação de Imperatriz, que possui sete Varas
Criminais e não dispõe de defensores públicos. "O Judiciário tenta suprir esta
carência por meio de parceria com o Município, que contrata advogados, os quais,
devida à baixa remuneração, deixam de dar acompanhamento ao processo".
A deputada Helena Heluy (PT), por sua vez, lamentou a situação dos
defensores que, segundo ela, somam ainda um número insuficiente para a demanda
de atendimento. "Não podemos aceitar de forma indiferente uma Defensoria Pública
sem a devida autonomia, vinculada à Casa Civil, com apenas 44 defensores
públicos no Estado do Maranhão".
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