Consenso na Câmara só com a Defensoria Pública

30/08/2007 #Administração

 Uma reunião ontem na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), tentou com sucesso relativo definir uma pauta prioritária para ser colocada em votação na Casa. Do encontro saíram seis temas com maior probabilidade de entrarem na pauta — entre eles a efetivação de servidores não concursados e a reforma política —, mas consenso mesmo só existe em torno de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que fortalece as defensorias públicas, encarregadas de prestar serviços jurídicos a pessoas sem condições de pagar advogados.

 A intenção do almoço na residência oficial de Chinaglia, na Península dos Ministros, era fechar o que vinha sendo chamado de agenda mínima da Câmara. Algo que pudesse fazer com que deputados deixassem de usar quase que inteiramente o tempo de votação para avaliar medidas provisórias enviadas pelo governo, que têm a força de trancar a pauta.

Prioridades
 
Houve uma espécie de ensaio de acordo. Como quase todos os líderes de partidos apareceram com uma lista de prioridades, foi feita uma tentativa de conciliação. Disso, restou um pacote de seis temas (leia quadro) com maiores chances de serem incluídos na pauta, dos quais quatro são os mais prováveis e um único é praticamente consensual.

 O primeiro item a ser votado é o que tem maior apoio entre os líderes: a PEC 487, de autoria do ex-deputado Roberto Freire (PPS-PE). Ela dá mais poderes, funções e estrutura para a atuação de defensores públicos. Se for aprovada, garantirá às defensorias uma organização semelhante à do Ministério Público, com autonomia funcional e impedimentos para demissão. Também tem chance grande de entrar na pauta o projeto de lei que regulamenta a emenda constitucional 29 e define limites mínimos de recursos para a área da saúde. Trata-se de um dispositivo pelo qual brigaram ministros da Saúde nos governos tucano e petista.

 Entre os assuntos mais polêmicos do pacote está a reforma política. "Vou usar todos os recursos regimentais para não votar esta matéria", avisa Antonio Carlos Pannunzio (SP), líder do PSDB. Também no grupo das polêmicas apareceram propostas para colocar em votação a PEC 54, que efetiva antigos servidores que ingressaram no serviço público sem concurso. "Não se trata de um acordo sobre o mérito da matéria, mas para botar em votação", diz Miro Teixeira (RJ), líder do PDT. Sabendo da reunião dos líderes, dezenas de servidores contratados como temporários foram até as proximidades do local do encontro no final da manhã.

 De qualquer forma, as convergências e divergências dos líderes dependem da liberação da pauta da Câmara. Ao voltarem do almoço de ontem, eles encontraram a pauta travada por seis MPs e risco de maior engarrafamento, já que existem outras três tramitando na Casa. Luciano Castro (RR), líder do PR, aproveitou o encontro na residência de Chinaglia para se queixar do excesso de medidas provisórias. "É preciso um entendimento para que o governo segure as MPs", afirma. "Não adianta fazermos uma pauta extensa se houver tantas MPs." À tarde, o presidente da Câmara também reclamou das MPs. "É preciso mudar o trâmite das medidas provisórias. É um problema que persiste e nós vamos buscar equacionar", disse Chinaglia, segundo a Agência Câmara.

DEFENSORIA PÚBLICA
 A PEC 487, apresentada pelo ex-deputado Roberto Freire (PPS-PE) em 2005, amplia e detalha a atuação de defensores públicos. Pela PEC, a Defensoria Pública ganha autonomia funcional, administrativa e financeira, em um modelo que se aproxima da atual estrutura do Ministério Público. Listas tríplices feitas a partir de votação dos membros da instituição irão indicar nomes do Defensor Público da União e dos chefes das defensorias nas unidades da federação. O presidente e os governadores escolherão um nome a partir das listas. Se a PEC for aprovada, um defensor público só poderá perder o cargo por meio de sentença judicial transitada em julgado

Veículo: Correio Braziliense
Estado: DF

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