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A Defensoria Pública do Estado (DPE/MA) reuniu nesta quinta-feira (25), no auditório da instituição, representantes do movimento feminista no estado, para roda de diálogo sobre a temática “Mulher Negra e Violência: Formas de Resistência”. O evento, conduzido pelo Núcleo de Defesa da Mulher e da População LGBT, com o apoio da Escola Superior da DPE/MA, integrou a programação da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher, em referência também ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no último dia 20 de novembro.
Antes da abertura da roda de diálogo, foram exibidos vídeos com depoimentos e experiências vividas por mulheres vítimas do preconceito e da violência. Segundo a defensora pública Lindevania Martins Silva, a intenção do encontro foi estabelecer um canal de diálogo que permitisse aos participantes a troca de experiências e o compartilhamento de ideias no enfrentamento à violência racial, de classe e de gênero. “Tivemos uma tarde muito proveitosa, com a oportunidade de discutirmos questões de opressão e violência contra a mulher negra, que ocorrem cotidianamente, de forma horizontal, ou seja, sem hierarquia ou segregações”, destacou a titular do Núcleo da Mulher e uma das idealizadoras do evento.
Para o subdefensor-geral do Estado, Emanuel Accioly, a roda de diálogo sobre a violência contra a mulher negra atende a um dos principais papeis da Defensoria Pública, que é o de fomentador da democracia, da justiça e da igualdade social. “Também educamos em direitos e, portanto, é uma honra abrirmos as portas para a sociedade civil com a intenção de discutirmos e trocarmos experiências sobre um assunto tão urgente, que não afeta somente a sociedade brasileira, mas de muitos outros países, e que produz tristes estatísticas”, assinalou.
O corregedor-geral Antônio Peterson Leal, lembrou que a violência contra a mulher, muitas vezes, passa despercebida, exigindo dos órgãos de controle e combate uma ação mais efetiva. “Considero muito salutar reunirmos lideranças femininas para trocarmos conhecimento em torno dessa questão, a fim de fortalecemos as estratégias de luta contra a violência e o preconceito direcionado às mulheres, na perspectiva de construirmos uma sociedade melhor para todos nós”, declarou.
A também defensora pública titular do Núcleo da Mulher, Denise Nepomuceno, reiterou a importância do encontro na construção de uma sociedade sem preconceitos. “É imensa a satisfação de estar aqui, tratando de um assunto tão relevante, cujos os reflexos determinam a qualidade do nosso convívio social”.
Debates – A programação do evento contou com várias apresentações sobre os diversos tipos de violência contra a mulher negra e os impactos oriundos da violação de direitos. Em sua fala, a representante do Fórum de Mulheres do Maranhão, Tatiana Reis Silva, disse que o combate à violência contra a mulher negra passa pelo monitoramento das políticas públicas voltadas ao segmento e pela construção coletiva de estratégias que potencializem as iniciativas já existentes. É preciso que pensemos juntas para que consigamos dar maior celeridade no tratamento às questões relacionadas à violação de direitos da mulher negra”, ressaltou, acrescentando que segundo dados do Instituto Patrícia Galvão, a cada 11 minutos, no Brasil, uma mulher é agredida e para cada uma mulher branca, duas negras sofrem violência, no país.
A assistente social do Hospital Clementino Moura (Socorrão II) Sílvia Leite fez uma exposição com enfoque na área da saúde. Segundo ela, 657 casos de violência e agressões contra a mulher foram atendidos nos últimos três anos, na unidade de saúde. Esses números alarmantes fizeram o Socorrão a estruturar um setor especializado no acolhimento e acompanhamento das dessas mulheres. “O número poderia ser até maior, mas há casos que não conseguimos fechar como violência contra a mulher, embora haja vários indícios”, pontuou.
Durante o evento, a representante do Fórum Maranhense LGBT Júlia Rodrigues lembrou do processo de invisibilidade social a que as transexuais são vítimas. “Se o preconceito contra as mulheres negras é muito grande, imaginem contra as transexuais. Mas consideramos o preconceito racial ainda mais perverso. Por essa razão, precisamos combater e desconstruir essas formas de violação de direitos. Precisamos pensar como ser humano para ser humano”, disse.
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