Pipoca, bolo, guaraná e muito sorriso no rosto. Na tela, o filme “Encanto”, da Disney, uma animação que aborda temas ligados à família e ao amor que tudo supera. Na plateia, um público muito especial: mulheres que cumprem pena em regime semiaberto na penitenciária feminina de São Luís, acompanhadas por seus filhos e filhas.

“Eu nunca fui ao cinema, é tão legal, né?”, revelou emocionada a filhinha de 10 anos de uma das internas que, com quase 50 anos de idade, disse também nunca ter assistido a um filme nas telonas. “Eu estou muito feliz, é quase como um sonho, e ainda podendo abraçar minha filha e minha neta, eu estava com muita saudade delas!”, emocionou-se a mãe, que terá a identidade preservada.

Foi exatamente nesse clima de emoção e reencontros que se deu a primeira sessão do “Cine Cidadania”, realizada na tarde desta terça-feira (27), na sede da Defensoria Pública do Estado do Maranhão, em São Luís. “O que nós queremos é mostrar que o atendimento jurídico na DPE não precisa ser necessariamente formal, muito menos frio. Além de humanizar o ambiente e reforçar a necessidade de acolhimento aos nossos assistidos, o ‘Cine Cidadania’ também proporciona o exercício de um direito básico e constitucional a essas pessoas: o lazer”, reforça o defensor-geral, Gabriel Furtado.

Cine Cidadania

O projeto foi desenvolvido por meio da Escola Superior e da Diretoria Geral da DPE, com apoio das defensoras e defensores que atuam no Núcleo de Execução Penal (NEP). “Desde que nós nos mudamos para esta nova sede, tínhamos o desejo de abrir as portas para a comunidade ocupá-la. Por isso, ver hoje o auditório assim, cheio de vida e de sentimento, é motivo de muita alegria. A gente quer que essas pessoas tenham a certeza de aqui é a casa delas”, enfatizou a diretora da ESDPE, Elainne Barros.

A ideia é que, a cada dois meses, um grupo diferente seja convidado a assistir a um filme na sessão especialmente planejada para públicos específicos. “Nessa sessão de estreia, aproveitando a proximidade do Dia das Crianças, nós convidamos as internas do sistema prisional para um reencontro com seus filhos e filhas, a fim de reforçar esses vínculos. Nas próximas sessões, vamos selecionar os grupos que estão em vulnerabilidade social e organizar desde o transporte de ida e vinda até a programação a ser desenvolvida”, esmiuçou o defensor público Otávio Moraes, diretor-geral da DPE.

Em cada edição do “Cine Cidadania”, os grupos convidados recebem camisas personalizadas com a marca do projeto e, após a exibição do filme, também participam de uma roda de diálogo com profissionais do nosso núcleo psicossocial.